10.787 propriedas rurais afetadas e lavouras destruidas; veja os danos das fortes chuvas no estado do RS
Ciclone extratropical causa destruição no Rio Grande do Sul, afetando 50 municípios, com danos em estradas, residências, produção agrícola e pecuária.
Foto: Maurício Tonetto/Secom
Um devastador ciclone extratropical atingiu o Rio Grande do Sul nos primeiros dias de setembro, deixando um rastro de destruição em sua passagem. A Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em conjunto com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), divulgou um relatório preliminar que detalha os impactos dessa tempestade nas áreas rurais do estado.
O ciclone extratropical trouxe consigo chuvas intensas, granizo localizado e o transbordamento de rios e arroios. Os dados foram coletados pelo sistema Sisperdas, alimentado por informações dos escritórios regionais e municipais da Emater. De acordo com o relatório, o evento climático afetou diretamente 50 municípios, 665 localidades e 10.787 propriedades rurais.
Infraestrutura Afetada
A infraestrutura rural foi duramente atingida, com 4.456,8 quilômetros de estradas vicinais prejudicadas, resultando em problemas no escoamento da produção em 197 comunidades. Houve também danos significativos em residências (1.192), galpões (621), armazéns (12), silos (116), estufas de fumo (25), estufas/túneis plásticos para horticultura (25), açudes (128), aviários (53) e pocilgas (45).
Perdas na Produção Primária
As chuvas torrenciais tiveram um impacto severo na produção primária. Grãos, frutas, olericultura e fumo foram especialmente afetados. Destacam-se as grandes perdas em milho e trigo, com áreas substanciais atingidas e alto volume de produção perdido. Na fruticultura, cultivos como laranja e uva sofreram perdas significativas. A olericultura e a produção de fumo também foram duramente atingidas, prejudicando milhares de produtores.
Impactos na Pecuária
Na pecuária, o saldo foi igualmente trágico, com a morte de 29.356 animais, incluindo bovinos de corte e de leite, suínos e aves. Além disso, 370 caixas de abelhas e 35,5 toneladas de peixe foram perdidas, afetando 346 produtores. A produção de leite também sofreu um golpe, com 327,3 mil litros não coletados, prejudicando 813 produtores.
As perdas na produção de forragens impactam diretamente na atividade pecuária, afetando a produção de carne e de leite. No total, 1.880 hectares de pastagem nativa, 10.730 hectares de pastagem cultivada e 50 hectares de silagem foram afetados, prejudicando 1.022 produtores. Houve ainda a perda de 35,5 mil pés de eucalipto.
Turismo Rural e Agroindústrias Atingidas
Na região de abrangência do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar Lajeado, a mais severamente afetada devido à cheia do rio Taquari, que atingiu a marca de 29m 45cm, o setor de turismo rural, que desempenhava um papel importante na região, foi significativamente prejudicado devido aos danos na infraestrutura e nas paisagens naturais inundadas.
Além disso, agroindústrias familiares também foram afetadas, como no caso da Lansing, em Arroio do Meio, que teve sua estrutura danificada, resultando na perda de estoques de produção e insumos para a próxima safra, cercas destruídas e áreas com solo devastado.
Comunidade Quilombola Atingida
Em General Câmara, o rio Taquari inundou uma comunidade quilombola, forçando a retirada das famílias do local.
Os dados relativos às localidades que ainda não puderam ser acessadas serão computados posteriormente, e um relatório final, com números mais precisos, deve ser publicado nos próximos dias. A tragédia das enchentes e chuvas intensas ressalta a importância de medidas de prevenção e apoio às comunidades rurais afetadas, enquanto o Rio Grande do Sul se mobiliza para se recuperar desses impactos devastadores.
Chuvas intensas no estado causam estragos nas lavouras
O Rio Grande do Sul enfrentou uma semana de condições meteorológicas desafiadoras, com chuvas intensas que causaram prejuízos significativos nas áreas agrícolas do estado. O Boletim Integrado Agrometeorológico No. 36/2023, emitido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Estado, relata os eventos climáticos ocorridos entre 31 de agosto e 6 de setembro de 2023.
A semana começou com tempo seco e quente em todo o estado, mas a situação mudou drasticamente a partir de sexta-feira, quando uma área de baixa pressão e uma frente fria trouxeram chuvas para todas as regiões. As precipitações foram acompanhadas por temporais isolados e volumes acumulados significativos, que resultaram em enchentes e deslizamentos em algumas áreas. Os registros de chuva variaram entre 130 mm e 200 mm na maioria das regiões, com algumas estações da rede SIMAGRO/INMET registrando mais de 250 mm, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
As temperaturas também variaram ao longo da semana, com máxima de 30,2°C em Porto Vera Cruz no dia 31 de agosto e mínima de 1,6°C em Bagé no dia 5 de setembro.
Os estragos causados pelas chuvas afetaram diretamente as lavouras, especialmente as de milho. Embora o período anterior à chuva tenha permitido um progresso significativo na semeadura do milho, as chuvas intensas causaram erosão nas áreas onde o solo foi preparado de forma convencional ou onde a cobertura vegetal era insuficiente para proteger o solo. Esse cenário resultou em escoamento superficial e na formação de sulcos, que transportaram fertilizantes para áreas mais baixas, incluindo rios. Além disso, algumas lavouras recém-implantadas podem enfrentar problemas de selamento superficial devido às chuvas intensas. Para a Safra 2023/2024, espera-se o cultivo de 817.521 hectares de milho, com uma produtividade prevista de 7.414 kg/ha e uma produção estimada de 6.061.198 toneladas.
A cultura do arroz também foi impactada, com chuvas adiando o início dos trabalhos de plantio em muitos municípios. No entanto, as precipitações intensas trouxeram alívio para os arrozeiros que enfrentavam o risco de reduzir a área de cultivo devido ao baixo nível das barragens. O Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) projeta uma área de cultivo de 902.425 hectares de arroz, com uma estimativa de produtividade de 8.359 kg/ha e uma produção prevista de 7.543.137 toneladas.
Na cultura do trigo, as condições climáticas variadas, incluindo geadas e chuvas torrenciais, criaram um ambiente desfavorável para o cultivo. As geadas foram mais intensas nas áreas mais baixas do relevo, e as chuvas volumosas causaram danos em algumas lavouras nas fases de floração e início da formação dos grãos. A extensão desses danos ainda não foi avaliada com precisão.
As lavouras de aveia branca mantêm um bom potencial produtivo, mas as chuvas após 1º de setembro causaram o acamamento de plantas em algumas áreas.
No geral, o tempo seco até 31 de agosto contribuiu para o desenvolvimento das lavouras de canola, mas as chuvas torrenciais e ventos posteriores podem ter causado danos, que ainda estão sendo avaliados.
A cultura da cevada apresenta boas condições, apesar de pequenos acamamentos isolados devido às chuvas.
Na pecuária, o aumento da oferta de pastagem de inverno melhorou o escore corporal dos bovinos de corte, mas rebanhos sem pastagens de inverno enfrentam dificuldades devido à escassez e baixa qualidade da forragem no campo nativo. Chuvas intensas também dificultaram o acesso às pastagens em algumas áreas, levando à suplementação com feno e milho em propriedades com recursos limitados.
Fonte: Estado do RS
Foto: Maurício Tonetto/Secom
O ciclone extratropical trouxe consigo chuvas intensas, granizo localizado e o transbordamento de rios e arroios. Os dados foram coletados pelo sistema Sisperdas, alimentado por informações dos escritórios regionais e municipais da Emater. De acordo com o relatório, o evento climático afetou diretamente 50 municípios, 665 localidades e 10.787 propriedades rurais.
Infraestrutura Afetada
A infraestrutura rural foi duramente atingida, com 4.456,8 quilômetros de estradas vicinais prejudicadas, resultando em problemas no escoamento da produção em 197 comunidades. Houve também danos significativos em residências (1.192), galpões (621), armazéns (12), silos (116), estufas de fumo (25), estufas/túneis plásticos para horticultura (25), açudes (128), aviários (53) e pocilgas (45).
Perdas na Produção Primária
As chuvas torrenciais tiveram um impacto severo na produção primária. Grãos, frutas, olericultura e fumo foram especialmente afetados. Destacam-se as grandes perdas em milho e trigo, com áreas substanciais atingidas e alto volume de produção perdido. Na fruticultura, cultivos como laranja e uva sofreram perdas significativas. A olericultura e a produção de fumo também foram duramente atingidas, prejudicando milhares de produtores.
Impactos na Pecuária
Na pecuária, o saldo foi igualmente trágico, com a morte de 29.356 animais, incluindo bovinos de corte e de leite, suínos e aves. Além disso, 370 caixas de abelhas e 35,5 toneladas de peixe foram perdidas, afetando 346 produtores. A produção de leite também sofreu um golpe, com 327,3 mil litros não coletados, prejudicando 813 produtores.
As perdas na produção de forragens impactam diretamente na atividade pecuária, afetando a produção de carne e de leite. No total, 1.880 hectares de pastagem nativa, 10.730 hectares de pastagem cultivada e 50 hectares de silagem foram afetados, prejudicando 1.022 produtores. Houve ainda a perda de 35,5 mil pés de eucalipto.
Turismo Rural e Agroindústrias Atingidas
Na região de abrangência do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar Lajeado, a mais severamente afetada devido à cheia do rio Taquari, que atingiu a marca de 29m 45cm, o setor de turismo rural, que desempenhava um papel importante na região, foi significativamente prejudicado devido aos danos na infraestrutura e nas paisagens naturais inundadas.
Além disso, agroindústrias familiares também foram afetadas, como no caso da Lansing, em Arroio do Meio, que teve sua estrutura danificada, resultando na perda de estoques de produção e insumos para a próxima safra, cercas destruídas e áreas com solo devastado.
Comunidade Quilombola Atingida
Em General Câmara, o rio Taquari inundou uma comunidade quilombola, forçando a retirada das famílias do local.
Os dados relativos às localidades que ainda não puderam ser acessadas serão computados posteriormente, e um relatório final, com números mais precisos, deve ser publicado nos próximos dias. A tragédia das enchentes e chuvas intensas ressalta a importância de medidas de prevenção e apoio às comunidades rurais afetadas, enquanto o Rio Grande do Sul se mobiliza para se recuperar desses impactos devastadores.
O Rio Grande do Sul enfrentou uma semana de condições meteorológicas desafiadoras, com chuvas intensas que causaram prejuízos significativos nas áreas agrícolas do estado. O Boletim Integrado Agrometeorológico No. 36/2023, emitido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Estado, relata os eventos climáticos ocorridos entre 31 de agosto e 6 de setembro de 2023.
A semana começou com tempo seco e quente em todo o estado, mas a situação mudou drasticamente a partir de sexta-feira, quando uma área de baixa pressão e uma frente fria trouxeram chuvas para todas as regiões. As precipitações foram acompanhadas por temporais isolados e volumes acumulados significativos, que resultaram em enchentes e deslizamentos em algumas áreas. Os registros de chuva variaram entre 130 mm e 200 mm na maioria das regiões, com algumas estações da rede SIMAGRO/INMET registrando mais de 250 mm, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
As temperaturas também variaram ao longo da semana, com máxima de 30,2°C em Porto Vera Cruz no dia 31 de agosto e mínima de 1,6°C em Bagé no dia 5 de setembro.
Os estragos causados pelas chuvas afetaram diretamente as lavouras, especialmente as de milho. Embora o período anterior à chuva tenha permitido um progresso significativo na semeadura do milho, as chuvas intensas causaram erosão nas áreas onde o solo foi preparado de forma convencional ou onde a cobertura vegetal era insuficiente para proteger o solo. Esse cenário resultou em escoamento superficial e na formação de sulcos, que transportaram fertilizantes para áreas mais baixas, incluindo rios. Além disso, algumas lavouras recém-implantadas podem enfrentar problemas de selamento superficial devido às chuvas intensas. Para a Safra 2023/2024, espera-se o cultivo de 817.521 hectares de milho, com uma produtividade prevista de 7.414 kg/ha e uma produção estimada de 6.061.198 toneladas.
A cultura do arroz também foi impactada, com chuvas adiando o início dos trabalhos de plantio em muitos municípios. No entanto, as precipitações intensas trouxeram alívio para os arrozeiros que enfrentavam o risco de reduzir a área de cultivo devido ao baixo nível das barragens. O Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) projeta uma área de cultivo de 902.425 hectares de arroz, com uma estimativa de produtividade de 8.359 kg/ha e uma produção prevista de 7.543.137 toneladas.
Na cultura do trigo, as condições climáticas variadas, incluindo geadas e chuvas torrenciais, criaram um ambiente desfavorável para o cultivo. As geadas foram mais intensas nas áreas mais baixas do relevo, e as chuvas volumosas causaram danos em algumas lavouras nas fases de floração e início da formação dos grãos. A extensão desses danos ainda não foi avaliada com precisão.
As lavouras de aveia branca mantêm um bom potencial produtivo, mas as chuvas após 1º de setembro causaram o acamamento de plantas em algumas áreas.
No geral, o tempo seco até 31 de agosto contribuiu para o desenvolvimento das lavouras de canola, mas as chuvas torrenciais e ventos posteriores podem ter causado danos, que ainda estão sendo avaliados.
A cultura da cevada apresenta boas condições, apesar de pequenos acamamentos isolados devido às chuvas.
Na pecuária, o aumento da oferta de pastagem de inverno melhorou o escore corporal dos bovinos de corte, mas rebanhos sem pastagens de inverno enfrentam dificuldades devido à escassez e baixa qualidade da forragem no campo nativo. Chuvas intensas também dificultaram o acesso às pastagens em algumas áreas, levando à suplementação com feno e milho em propriedades com recursos limitados.
Fonte: Estado do RS
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