Desempenho do setor é influenciado por comportamentos divergentes entre preços e volumes
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro teve um avanço discreto de 0,19% no primeiro trimestre de 2023, de acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Pesquisadores do Cepea apontam que esse resultado modesto é reflexo das tendências opostas observadas nos preços e nos volumes do setor. Enquanto o crescimento do PIB foi impulsionado por uma safra recorde no campo e pela maior movimentação de agrosserviços, os preços desfavoráveis aos produtos agropecuários e agroindustriais impactaram negativamente o desempenho do setor.
Considerando também o comportamento do PIB brasileiro como um todo, estima-se que a participação do agronegócio na economia do país fique próxima de 24,5% em 2023, ligeiramente abaixo dos 25% registrados no ano anterior.
No ramo agrícola, houve um avanço de 0,66%, impulsionado pelo desempenho positivo do segmento primário, da agroindústria e dos agrosserviços, enquanto o setor de insumos registrou queda devido à desvalorização dos fertilizantes e defensivos. Apesar da redução nos preços de diversos produtos agropecuários, como algodão, café, tomate, milho, soja, trigo, cana, cacau, banana e batata, o crescimento foi sustentado pela expectativa de uma safra recorde de grãos, bem como pelas maiores produções esperadas de café e cana.
O arrefecimento dos preços dos fertilizantes e defensivos em relação a 2022 também contribuiu para o crescimento do PIB agrícola. Na indústria, o PIB foi impulsionado pela redução nos custos com insumos, apesar da modesta queda na produção industrial e nos preços dos produtos, destacando-se negativamente o etanol, produtos de madeira e café industrializado. Já os agrosserviços registraram crescimento do PIB principalmente devido ao desempenho agrícola, resultando em maior demanda por serviços de transporte, armazenagem, comércio e outros serviços relacionados ao setor.
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Por outro lado, o ramo pecuário apresentou queda de -1,09%, influenciado pelas baixas observadas em todos os quatro segmentos. No caso dos insumos, o desempenho negativo foi impactado principalmente pelos menores preços das rações e dos medicamentos veterinários. No segmento primário pecuário, a retração ocorreu devido à diminuição do valor bruto da produção, mesmo com certo alívio nos custos com insumos. A queda nos preços de bovinos e aves de corte, apesar da projeção de expansão na produção de todas as atividades pecuárias, exceto o leite, também contribuiu para o desempenho negativo.
Na agroindústria pecuária, apesar da estimativa de aumento na produção de carnes, o PIB foi pressionado pelos preços desfavoráveis da carne bovina e dos couros bovinos. Os agrosserviços pecuários acompanharam a baixa observada nos segmentos pecuários, com valores brutos da produção afetados pelos preços desfavoráveis, o que também pode ter resultado em uma demanda enfraquecida por serviços.
Em resumo, o PIB do agronegócio brasileiro teve um crescimento leve no primeiro trimestre de 2023, impulsionado pela safra recorde no campo, maiores produções esperadas e pelo desempenho dos agrosserviços. No entanto, os preços desfavoráveis aos produtos agropecuários e agroindustriais impactaram negativamente o desempenho do setor, especialmente no ramo pecuário.
Fonte: Cepea
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